Em busca de lazer em tempos de pandemia de covid-19, brasileiros com alta renda estão procurando formas alternativas de aproveitar o tempo livre. Com isso, a busca por barcos, com preços que vão de R$ 535 mil a R$ 1,8 milhão, tornou-se uma opção. Tanto que há até fila de espera para a compra do que, para muitos, é um sonho de consumo inalcançável.
A Associação Brasileira de Barcos (Acobar) aponta que a pandemia aqueceu o mercado náutico. A alta das vendas chegou a 20% no ano passado.
Marcio Ishihara, diretor do canal de negócios náuticos Bombarco avalia que, com o aumento da demanda, há demora na entrega dos veículos acima de 30 pés (aproximadamente nove metros de comprimento), que pode chegar a 120 dias.
“Já para mega iates, o tempo de espera é de mais de um ano. Com a crescente demanda e a falta de insumos, já que fábricas do mundo inteiro paralisaram por conta da pandemia, o prazo de entrega das embarcações aumentou”, afirma Ishihara.
É difícil saber quantas pessoas esperam pelo seu barco, já que, às vezes, o interessado pode desistir por causa do tempo de espera, diz ele.
O fabricante de lanchas Triton Yachts, já nos primeiros três meses de 2021, deve bater o recorde de entregas dos últimos 5 anos. “Conseguirmos fechar o ano de 2020 com saldo positivo devido ao incremento de vendas especialmente no segundo semestre, o que refletiu no aumento de 40% em faturamento comparado com o anterior. Também gerou reflexos na produção e nas entregas para o início de 2021, em torno de 50% maior comparado com o mesmo período em 2020 e também maior em relação aos últimos quatro anos anteriores”, explica o diretor de marketing da empresa, Allan Cechellero.
Para o diretor do Bombarco, dois motivos explicam o aumento na procura por barcos: valorização do tempo em família e isolamento por causa do coronavírus.
A alta do dólar, que aumentou muito as passagens de avião para o exterior, é outro fator apontado para explicar a busca por barcos.
A embarcação é um ambiente seguro, como uma casa, e dá muita sensação de liberdade, possibilitando até que muitos trabalhem a bordo, desde que estejam conectados.
Com preços que começam na casa dos R$ 500 mil, a busca pelos barcos se concentrava nas classes mais altas.
Mas Ishihara aponta que mesmo quem tem menor poder aquisitivo está olhando para esse mercado — uma tendência que teria começado nos Estados Unidos e chegado no Brasil.
“Finalmente, estamos conseguindo mostrar que barco é mais que um objeto de luxo, é um objeto que possibilita qualidade de vida para qualquer família”, diz.
Em abril, o setor promove uma feira online, a Virtual Bombarco Show, com expectativa de mais 60 mil acessos. Na edição do ano passado, segundo a organização, foram movimentados cerca de R$ 60 milhões.
Entre 16 e 19 de abril, serão expostas virtualmente mais de 150 embarcações, de estaleiros nacionais e internacionais. O ingresso para visitação dos barcos é gratuito —alguns têm visitas presenciais, outros, apenas tour virtual.
A segunda edição do Virtual Bombarco Show está confirmada para o período de 16 a 19 de abril, disponível (em breve) por meio do site www.bombarcoshow.com.br. Apesar do evento ser online, contará com estrutura de palco completa, localizada em Ihabela (SP), para a transmissão da programação.
Segundo a organização do Virtual Bombarco Show são esperados mais de 60 mil acessos, o dobro de público em relação à edição anterior. Durante os quatro dias de feira, os visitantes poderão conhecer mais de 150 embarcações, de estaleiros nacionais e internacionais, que estarão em exposição em diferentes partes do Brasil.
