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De jet sky, equipe sai de Roraima e percorre 6 mil quilômetros pelos rios da Amazônia até Mato Grosso

Trajeto começou nas águas do rio Branco, em Boa Vista (RR), passou pelo Negro e o Amazonas e se encerrou no rio Araguaia, na casa dos ‘jeteiros’.

O grupo Araguaia Jet percorreu 6 mil quilômetros em motos aquáticas, em um trajeto que começou nas águas do rio Branco, em Boa Vista (RR), passando pelos rios Negro e Amazonas, e se encerrou em Barra do Garças (MT), no até o rio Araguaia.

Daniel Vilella (27), Vinícius Castro (30), Fabrício Carvalho (38), Anderson Torres (38), Weverton Sousa (39), Roberto Sacchetti (45) e Moacir Couto Filho (48) partiram de Boa Vista, em 2 de agosto em uma viagem que durou 23 dias.

Captura de Tela 2024 09 11 as 19.04.08 - De jet sky, equipe sai de Roraima e percorre 6 mil quilômetros pelos rios da Amazônia até Mato Grosso - manaus náutica

Arquivo da expedição.

A jornada histórica e recordista percorreu quase 30 rios de belas águas e lindas paisagens, até Barra do Garças, próximo à Serra do Roncador, conhecida por ser um local místico. Moacir Couto, um dos integrantes do Araguaia Jet, disse: “Eu sou a apaixonado por isso. As águas, o rio… eu tenho uma identificação muito grande”.

Ele disse que, “mesmo sem conhecer nada”, ele e a equipe do Araguaia Jet entraram em contato com outros amantes da navegação, buscando meios de concretizar a travessia. Assim, conseguiram programar uma logística para a expedição que envolvia, também, o transporte dos jets para Rio Branco. Foi uma semana de balsa, de Barra do Garças a Roraima, com uma parada em Santarém (PA). A equipe pegou um voo em Brasília até Boa Vista.

Para pagar os custos da aventura, a equipe fez uma poupança, com depósitos mensais, desde um ano e meio antes da expedição. Foram cerca de R$ 17 mil para aproximadamente 2,5 mil litros de gasolina. “Sabíamos que seria possível chegar na nossa cidade pelos rios que passaríamos, mas havia uma complicação muito grande por estarmos em um período de estiagem, agravadas pelo momento de queimadas que passa o Brasil, que fazem com que a água do rio diminua”, explicou Moacir.

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Arquivo da expedição.

Os jeteiros também passaram perto do povo indígena yanomami e sentiram medo do ataque de piratas e de traficantes de drogas que circulam pela região, muito próxima à fronteira com a Venezuela. Mas tiveram a precaução de comunicar a expedição à Marinha do Brasil.

um sonho, ainda de criança, de sair aqui da minha cidade e ir até o mar. De Belém (PA) até a Ilha de Marajó (PA). Eu planejei isso por dois anos, consegui dois amigos para me acompanhar e conseguimos o feito”, conta, orgulhoso.

Foi quando nasceu o Araguaia Jet, com a ambição de mostrar a riqueza e a biodiversidade da região do rio Araguaia ao país inteiro. Em 2023, o grupo fez uma expedição de Barra do Garças a Belém (PA), mais precisamente em Mirituba, cerca de 4 mil km a mais — o ponto de partida para algo ainda maior.

Moacir conta que em um trecho entre Xambioa (TO) e Pau D’arco (TO), o grupo precisou empurrar os jets, devido à vazante do rio, com as águas repletas de arraias: “não vimos menos de 50. Subíamos no jet e ficávamos com medo de descer, porque não tínhamos médico para um caso de ferroada”.

No percurso de Manaus a Parintins, no Amazonas, o jet de um dos integrantes teve um problema na turbina. A embarcação chegou a ser levada à Santarém (PA), mas 300 km depois, não resistiu. Vinicius precisou de uma balsa para voltar para casa junto com seu jet, um problema que atrasou o percurso do grupo.

Moacir disse que “a maior dificuldade de rios como o Amazonas e o Tapajós é que, durante um certo horário do dia, o vento do mês de agosto cria ondas como do mar”. Houve dias em que os jeteiros percorreram até 300 km levando as famosas ‘pancadas’ do rio, saindo de uma e logo entrando em outra. “Olhava para trás e não via nenhum companheiro”.

O Araguaia Jet contabilizou uma navegação de cruzeiro entre 60 e 65 km/h, mas as ‘pancadas’ dificultaram bastante a navegação. Em alguns trechos o grupo levou quase 3h para percorrer 20 km, navegando entre 5 km/h e 10 km/h. Para desviar das pancadas, o grupo recorria aos chamados ‘furos’ dos rios.

Moacir não deixa de ressaltar que a convivência com pessoas, principalmente no Amazonas, foi uma das coisas que mais o marcou durante a travessia. Observar o modo de vida de seres humanos que, como ele conta, “vivem em uma situação tão limitada, tão adversa, em casas de palafita”. “A gente ficava olhando e pensando ‘eu tenho coisa demais’, ‘reclamo por tão pouco’”, relembra

A travessia, como um todo, foi para Moacir como a “realização de um sonho”. Ao avistar Barra do Garças se aproximando, ele não esconde que ficou emocionado. Durante o trajeto, precisou trabalhar aspectos como ansiedade, saudade dos dois filhos, de 10 e 9 anos e, principalmente, o medo “a todo instante”.

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