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Comandante é responsável pelas consequências do banzeiro do barco, diz legislação náutica

É preciso pensar duas vezes antes de navegar com velocidade inadequada quando estiver próximo a outros barcos.

O termo ‘banzeiro’, na Amazônia, que remete às ondas que se formam nos rios devido ao movimento dos barcos, semelhantes às ondas do mar, é conhecido de todos. O que pouca gente sabe é que a legislação náutica brasileira prevê que cada um é responsável pelas ondas criadas pela sua embarcação e que pode ser punido por causa delas. AS informações são da revista Náutica.

É preciso pensar duas vezes antes de navegar com velocidade inadequada quando estiver próximo a outros barcos. Se alguém se sentir lesado, pode reclamar à autoridade marítima, bastando para isso apresentar duas testemunhas. A Marinha, então, chamará os dois lados para uma acareação e, caso não se chegue a um acordo, abrirá inquérito judicial. Marola, como se vê, é coisa séria.

As ondas que os barcos fazem, podem ir bem além de apenas incomodar, informa a revista Náutica. Elas são, provavelmente, o maior dos incômodos que uma embarcação pode causar a outra. E, dependendo do tamanho dos barcos, as marolas podem ser bem mais perigosas do que o seu nome sugere.

Basta que a “vítima” seja um barquinho menor que o seu, como, por exemplo, as canoas dos pescadores, que vira e mexe passam sérios apuros na guerra contra as grandes lanchas de passeio. Mesmo as menores marolas têm um poder bem maior do que a grande maioria das pessoas imagina.

Para ter ideia disso, basta recorrer à ciência. Ao se chocar com outros barcos, qualquer ondinha de pouco mais de meio metro de altura — algo banal para uma lancha de médio porte navegando em velocidade de cruzeiro — joga uma carga equivalente a quase duas toneladas de água.

Além disso, as marolas se propagam na superfície da água feito ondas de rádio e demoram bastante para perder a intensidade. Minutos depois de uma embarcação ter passado, todos os que estavam por perto ainda estarão sacudindo por causa dela.

Quem navega sabe que os barcos têm a capacidade de alterar radicalmente o meio por onde circulam, por conta justamente das marolas. Mas o que talvez nem todos saibam, é que as marolas podem ser evitadas ou, ao menos, atenuadas.

Basta parar de acelerar bem antes do ponto aonde se deseja chegar, por exemplo. A regra do bom senso determina que, quanto maior o barco, mais cedo se deve diminuir a velocidade, até como forma de gerar menos marolas.

O ideal seriam 10 metros de distância para cada pé do tamanho do casco. Assim sendo, uma lancha de 30 pés deveria começar a reduzir a velocidade quando estivesse a cerca de 300 metros do ponto de ancoragem, de forma que, quando chegasse lá, não fizesse ninguém sacolejar.

Além disso, ao cruzar a marola de outro barco, o certo é manter uma distância de, no mínimo, três vezes o comprimento da embarcação que a gerou. Também como regra geral, os barcos devem navegar a, no máximo, 5 nós de velocidade nas áreas de marinas e canais, e a 3 nós na aproximação para fundeio, praias ou margens de rios.

Mas, infelizmente, nem todos seguem isso à risca. Não é só uma questão de educação e respeito, mas sim de segurança. A atenção com as marolas deve ser redobrada nos locais mais estreitos, onde a reverberação das ondulações é ainda maior.

Por tudo isso, o mais sensato é tentar não gerar as ondinhas, por mais bonitas que elas pareçam na água. Ou — já que isso é impossível no caso dos barcos a motor — dosar bem a velocidade. Porque, quanto mais rápido você navegar, mais incômodo gerará aos demais.

De acordo com a revista, há 3 maneiras de driblar as marolas:

Totalmente de proa

Se a marola de um barco bem maior que o seu for lhe alcançar, altere sua rota de forma a abordá-la totalmente de proa. Mesmo que, para isso, precise alterar o seu rumo por alguns instantes. Mas, atenção: o limite de segurança para qualquer manobra desse tipo é de, no mínimo, três vezes o comprimento de um barco para o outro.

Fazendo zigue-zague

Se você preferir chacoalhar em vez de levar pancadas no casco, a melhor maneira de vencer as marolas alheias é fazendo um zigue-zague nelas. Para isso, aborde-as quase paralelamente às ondulações, tentando o menor ângulo possível. Você ficará no sobe e desce, mas sem maiores impactos no casco.

Carona na marola dos outros

Se você estiver indo no mesmo sentido e em velocidade próxima à do barco que acabou de passar pelo seu, prefira ficar exatamente atrás dele, mas não tão próximo, a fim de evitar acidentes (lembre-se sempre da regra de, no mínimo, três vezes o comprimento do casco). Enfie-se no vão entre as marolas, a esteira, e fique ali, onde chacoalha menos. E o barco da frente ainda “alisará” a superfície da água para você.

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